Método barateia diagnóstico de tumor cerebral em crianças e vira startup

SoCientífica

Tecnologia diagnóstica para tumores cerebrais em crianças a um baixo custo é a proposta de pesquisadores da USP em Ribeirão Preto que acabam de transformar seus achados em uma startup. Batizada de NEOGENYS, a nova empresa desenvolve uma plataforma para que o método, que usa tecnologia de ponta, fique acessível a países em desenvolvimento.

A decisão de agilizar o processo de transferência tecnológica para a sociedade foi tomada por Gustavo Alencastro Veiga Cruzeiro e seu colega e sócio Ricardo Bonfim, pesquisadores do Laboratório de Pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. Idealizador do método, Cruzeiro acredita poder ajudar a melhorar a qualidade de vida de crianças com tumor maligno no cerebelo.

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Método simplificado e de baixo custo tem precisão semelhante à de sequenciadores de nova geração na análise do meduloblastoma,…….
possibilitando personalizar o tratamento em países emergentes – Foto: Reprodução / Pixabay via Agência Fapes

Segundo o pesquisador, a “abordagem molecular” é eficaz na definição do tipo do subtipo do tumor e indicação do melhor tratamento, já que o meduloblastoma, tumor maligno do sistema nervoso central mais comum em crianças, se manifesta em vários tipos, requerendo diferentes terapias, menos ou mais agressivas.

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Locais no cérebro com os quatro subtipos moleculares do meduloblastoma. As equações de fundo representam os algoritmos utilizados na classificação – Imagem cedida pelos pesquisadores

Essa abordagem já é utilizada em países desenvolvidos. Ela consegue verificar o subgrupo do tumor, com informações precisas para escolha de tratamentos de maior ou menor intensidade – detalhes podem ser conferidos pela publicação de 14 de junho da Agência Fapesp.

Aqui no Brasil, sem os caros métodos de classificação molecular, aplica-se, na maioria das vezes, o mesmo protocolo de tratamento a todos os casos: cirurgia de retirada do tumor, quimioterapia e radioterapia. Assim, um paciente que talvez não precisasse de radioterapia, por exemplo, “acaba recebendo o tratamento que, mesmo eliminando o tumor, pode afetar a qualidade de vida da criança para sempre”, conta o pesquisador.

Por acreditar que países como a Índia, além de regiões como América Latina e África, possam se beneficiar do método de baixo custo que obteve em seus estudos, Cruzeiro se uniu a seu colega Ricardo Bonfim para criar a NEOGENYS, startup que acaba de ser selecionada pelo programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (PIPE/Fapesp). Por enquanto, os pesquisadores planejam utilizar o laboratório do Hospital das Clínicas e o Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP. Mas aguardam o processo de incubação, em andamento, no Supera Parque de Inovação e Tecnologia de Ribeirão Preto.

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O novo método para classificar diferentes tipos de meduloblastoma foi desenvolvido durante as pesquisas para o doutorado de Cruzeiro, que trabalhou sob orientação do professor da FMRP Luiz Gonzaga Tone e contou com colaboração de colegas de instituições suíças e alemãs. Os resultados da pesquisa foram publicados na edição de março da revista Acta Neuropathologica Communications.

Este artigo foi publicado originalmente por Jornal da USP, leia o original aqui.

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