Inteligência artificial pode cuidar de fetos em úteros de laboratório

Mateus Marchetto
Imagem: sbtlneet / Pixabay

Há alguns anos, pesquisadores desenvolveram maneiras de criar fetos de animais-modelo, como ratos, em úteros de laboratório. Evidentemente, esse tipo de experimento nunca aconteceu com a espécie humana e existem leis internacionais que proíbem isso.

Contudo, ainda existe a possibilidade crescente de que um dia tenhamos crianças desenvolvidas completamente em laboratório, ou ao menos sem a necessidade de uma barriga humana. Nesse sentido, pesquisadores chineses desenvolveram um sistema que pode monitorar fetos em desenvolvimento em úteros de laboratório.

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Sistema da Inteligência Artificial. Imagem: Suzhou Institute of Biomedical Engineering and Technology

A equipe de pesquisadores, portanto, desenvolveu uma inteligência artificial que monitora as diversas necessidades de fetos de ratos crescendo em úteros artificiais. O sistema monitora, por exemplo, o fluxo de oxigênio, gás carbônico e nutrientes entrando e saindo dos receptáculos onde os ratinhos se desenvolvem.

Ademais, o sistema é capaz de notificar um técnico humano caso algum dos fetos tenha algum problema no desenvolvimento ou mesmo venha a morrer. Além disso, a inteligência artificial consegue obter imagens precisas em diversos planos focais dos fetos, a partir de diversas lentes. O sistema também pode aprender e abstrair informações de eventos desconhecidos, aprimorando o processo por si só.

Reduzindo riscos da gravidez por úteros de laboratório

Apesar de todos os experimentos da pesquisa, publicados no periódico Journal of Biomedical Engineering, acontecerem com ratos, a pesquisa alega que a inteligência artificial pode, um dia, monitorar fetos humanos em desenvolvimento artificial.

O artigo sugere, inclusive, que a utilização de ferramentas otimizadas desta maneira pode, um dia, ser até mesmo mais segura que a própria gravidez natural. Isso poderia diminuir os riscos e desconfortos gerados pela gravidez, de acordo com os autores.

Leis internacionais também proíbem a experimentação com embriões humanos que tenham mais de 2 semanas de vida. Todavia, os autores afirmam que pesquisas em estágios mais avançados do desenvolvimento são necessárias pois “ainda há muitos mistérios não solucionados sobre a fisiologia do desenvolvimento embrionário humano típico.”

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Imagem: sbtlneet / Pixabay

A pesquisa levanta um debate bastante grande, especialmente na China, pois o país passa agora pela diminuição mais severa no número de nascimentos dos últimos anos. Assim como países desenvolvidos da Europa, a redução da população representa a falta de mão de obra no mercado e, portanto, crise econômica.

Apesar das perspectivas da pesquisa forneceram possíveis melhoras tecnológicas em relação aos nascimentos, os dilemas éticos são evidentes. Todavia, a tecnologia é bastante revolucionária e, mesmo que bebês humanos em úteros de laboratório ainda não existam, a pesquisa sobre desenvolvimento embrionário pode ajudar muito na qualidade de vida de futuros bebês.

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